sábado, 1 de abril de 2017

A Adoção do Pai, pela obra do Filho mediante o Espírito

"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro."  (1Jo 3.1-3)
   Podemos inferir a importância da doutrina da adoção ao olharmos um dos versos mais importantes do Novo Testamento, que diz: "vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gl 4.4); este verso é de suma importância pois nos remete ao proto-evangelho de Gn 3.15, aonde fora prometido aos primeiros pais um descendente da mulher que triunfaria sobre a serpente; e somos informados que este descendente da mulher, que veio no tempo pré-determinado, é também um legítimo Filho enviado pelo Deus Pai. Porém eu quero chamar a sua atenção para o verso seguinte que nos revela o propósito de Deus em enviar seu Filho: "para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos" (v.5). Cristo veio em resgaste daqueles que estavam sujeitos a maldição por causa da quebra da lei perfeita de Deus; sejam os judeus, órfãos pela quebra dos mandamentos (Lm 5.3-7), ou os gentios, pelo desprezo da lei gravada em seus corações que os acusam (Rm 2.14,15). Ele veio para chamar "povo meu ao que não era meu povo" (Rm 9.25), seja judeu ou gentio, sem distinção pois "ambos tem acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" (Ef 2.18,19).

   A adoção esta intimamente ligada com a doutrina da eleição. Podemos perceber melhor isso ao olharmos para o modo humano de adotar alguém, ou seja, um pai e uma mãe, por mais que eles tenham planejado uma gravidez, eles sequer escolhem o sexo da criança, o que dirá das demais fisionomias ou personalidades dela. Mas quando está relacionado com a adoção, há vários fatores que levam um casal a adotar uma criança específica, certamente ela é escolhida por esses fatores e motivações internas. Podemos perceber claramente esse pensamento análogo também nas palavras de Paulo aos Efésios: "assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo beneplácito de sua vontade" (Ef 1.4,5). A adoção não aconteceu na eternidade, a eleição sim, porém o alvo da eleição, feita na eternidade pelo Pai, foi a adoção de seus filhos. Eleitos na eternidade para sermos filhos perante Ele, por meio de Jesus Cristo.

   Como em todas as demais doutrinas, a adoção também tem o agir mútuo, perfeito e completo da Trindade na vida do cristão. Meu desejo aqui, é analisar biblicamente a economia de cada pessoa da Trindade em relação a nossa adoção ao povo de Deus. Primeiro, ver a paternidade de um Deus que não é apenas um agente criador de todas as coisas, mas Aquele que, em sua providência sobre toda a criação, guarda aqueles que lhe pertencem. Segundo, veremos que a essência de que há um Pai, é porque há um Filho que é eternamente gerado por Ele; antes de haver criação, antes de haver filhos, o Filho sempre existiu eternamente, e Cristo, não nós, é o motivo principal de Deus ser Pai. Terceiro, a aplicação que o Espírito faz em nossa consciência de que pertencemos a alguém, e que nada nos retira esse status de filhos. Por último, é preciso entender que a adoção é o intermediário entre a justificação e santificação do crente em Cristo, é aquilo que liga diretamente o primeiro com o último.

A Paternidade de Deus.

   Deixarei para tratar no próximo tópico o motivo essencial de Deus ser Pai, ou seja, por causa do Unigênito e posteriormente Primogênito, Jesus Cristo; desde a eternidade Deus tem a sua paternidade, Ele não se tornou Pai após a sua criação, mas isso é o que Ele é e sempre foi em essência eterna. Por hora veremos como Deus é Pai também do seu povo, eleito desde a eternidade. Tudo indica que Deus na criação de Adão e Eva, tinha em mente um relacionamento diferente com eles em relação ao restante da criação, uma relação paternal e pessoal. Primeiro, eles foram criados a imagem e semelhança de Deus, tornando-os ímpar em toda a criação (Gn 1.26,27). Segundo, parece que o fato de Deus caminhar no jardim do Éden na viração do dia, e após a queda "não encontrar" Adão e Eva no lugar habitual, faz-nos pensar que isso era rotina diária, ou seja, havia entre eles um relacionamento pessoal, semelhante de pais e filhos (Gn 3.8,9). Terceiro, a disciplina de Deus em Adão e Eva é uma atitude paternal que reverbera em todo o restante das Escrituras (Gn 3.22-24; Dt 8.5; Pv 13.24; Hb 12.5-11). Isso tudo, ou seja, Adão e Eva como filhos de Deus, está de modo implícito nos primeiros capítulos das Escrituras, mas que Lucas o coloca de modo explicito em sua genealogia do Salvador: "Cainã, filho de Enos, Enos, filho de Sete, e este, filho de Adão, filho de Deus" (Lc 3.38).

   Obviamente o conceito de adoção só se torna necessário após a queda, já que somente depois de Gênesis 3 vemos a humanidade, como consequência do pecado, rejeitar ao seu Criador, rejeitando assim também sua paternidade. Nesse sentido o homem estava agora "livre" de uma autoridade maior, para viver da maneira que lhe agrade, acumulando para si mesmo morte e condenação, ou em outras palavras, estavam órfãos, entregues a si mesmos. "Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés" (Rm 5.14), o conceito de Deus como Pai vai aparecer de forma explicita pela primeira vez na Bíblia somente em Israel no êxodo, ainda que seja de forma implícita sobre os patriarcas antes deles: "Dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito" (Ex 4.22). Aqui vemos novamente a adoção relacionada com a eleição, começando pela eleição de Abraão e agora com sua numerosa descendência adotada por Deus Pai; mas percebemos que a adoção também está intrinsecamente unida a aliança e suas promessas, afinal de contas Deus "lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó" (Ex 2.24). Por causa da aliança que fez com os patriarcas, Ele pôde chamá-los de filhos. A prova disso é que Israel, sendo povo de propriedade exclusiva de Deus, recebe os mandamentos e diretrizes de um viver santo, aplicando disciplina quando necessário, algo semelhante com o que um pai faz a seus filhos ainda pequenos, educar e corrigir.

   Se o amor de Deus Pai é evidente em toda a criação, ele parece resplandecer muito mais após a queda. Não que o seu amor fosse diminuto na obra da criação perfeita, mas quando Deus demonstra amor a seres caídos, assemelhasse ao raiar do sol no crepúsculo da humanidade, iluminando as trevas e aquecendo sua frieza espiritual, como disse Paulo ele "prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8). O Verbo se fez carne e habitou entre nós não quando estávamos em nossa Inocência no Éden, mas em nossa perversidade fora dele; o amor que o Pai tem pelo seu povo, e que na eternidade sempre existiu com o Filho, é abundantemente exposto em nossas fraquezas e limitações. Nenhum pai humano, por melhor que seja, pode assemelhar-se a tão grande amor, como esse revelado a nós miseráveis homens que somos, pelo Pai da eternidade. É esse amor, o fio condutor da paternidade de Deus com Israel; seja na sua redenção, pois aquilo que Ele fez aos egípcios foi "por amor de Israel" (Ex 18.8), ou posteriormente na sua restauração necessária, consequência do cativeiro babilônico após a apostasia do povo, "por amor deles, me lembrarei da aliança com os seus antepassados" (Lv 26.45).

   Mas então surge uma grande questão a ser resolvida. Se Israel é o povo da adoção, da glória, das alianças, da legislação, do culto e das promessas do Deus Pai (Rm 9.4), por que nem todos foram salvos em Cristo? Paulo responde:
"E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados os filhos da promessa."  (Rm 9.6-8)
   Para apoiar seu argumento de que nem todo Israel é israelita, e nem todo aquele que descende de Abraão é de fato filho de Deus, e ao mesmo tempo fazendo a conexão entre a eleição e a adoção, Paulo vai ilustrar o que disse nesses versos fazendo agora menção de dois outros descendentes de Abraão, aonde Deus amou um porém rejeitou o outro:
"E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto á eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú."  (Rm 9.11-13)
   O verdadeiro Israel de Deus são aqueles que na eleição eterna são agora participantes da adoção por meio da obra do verdadeiro Filho de Deus, o Unigênito que tornou-se o Primogênito de seus irmãos. É necessário agora olhar a diferença entre os filhos do Filho.

O Filho de Deus: Unigênito e Primogênito.

   Ao afirmar que Cristo é Filho de Deus Pai, automaticamente fazemos a distinção, não divisão, de pessoas que há na Divindade, ou seja, afirmamos a Trindade. Cristo sempre foi o Filho e o Pai sempre foi o Pai. Digo isso para não entrarmos no erro de achar que somente em sua encarnação Cristo se tornou Filho, por nascer de uma mulher e do Espírito. Calvino percebeu o erro de raciocinar desse modo e escreveu:
"(...)Tampouco esta distinção teve início a partir de quando a carne foi assumida; ao contrário, é manifesto que também antes disso ele foi o Unigênito no seio do Pai [Jo 1.18]. Pois, quem ousa afirmar que o Filho ingressou no seio do Pai quando, finalmente, então desceu do céu para assumir a natureza humana? Portanto, ele estava no seio do Pai e mantinha sua glória junto ao Pai antes disso [Jo 17.5]."  (Institutas 1.13.17)
   Ele é Filho por natureza eterna do Pai, nós somos filhos por adoção pela obra de um mediador; e esse mediador designado pelo próprio Pai não é outro senão o próprio Filho eterno. É nesse sentido que o Filho se distingue dos filhos de Deus, portanto ele é o Unigênito por ser o único Filho legitimamente divino e eternamente gerado do Pai. Usando novamente a ilustração terrena, os filhos adotivos são escolhidos pelos pais, já os filhos naturais são de natureza e procedentes dos pais, no caso de Cristo, procedência e natureza eterna com o Pai. Como diz a pergunta número 33 do Catecismo de Heidelberg: "Porque ele é chamado de Filho Unigênito de Deus, se nós também somos filhos de Deus? Resposta: Porque somente Cristo é o eterno e natural Filho de Deus. Nós contudo somos filhos de Deus por adoção, pela graça, por causa de Cristo".

   O que nos leva agora a segunda característica de Cristo como o Filho de Deus, em primeiro lugar ele é o unigênito, sendo o único de natureza e procedência eterna de Deus, e em segundo lugar ele é o "primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8.29). A isso precisamos primeiramente ponderar acerca da afirmação de Paulo de que Ele é o "primogênito de toda a criação" (Cl 1.15), será que Paulo está dizendo que Cristo é a primeira criação de Deus? Estariam os arianos corretos ao afirmarem que Jesus é também uma criatura de Deus? Não é o que o contexto imediato deste capítulo nos diz; "Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste" (v.17), "porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude" (v.19), e que plenitude é essa? Paulo mesmo responde: "porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (2.9). Certamente Paulo não estava ensinando a filiação de Cristo por meio de criação por parte de Deus, mas sim que por ser o primogênito de toda a criação ele tinha a primazia e a herança sobre todas as coisas. "Tudo foi criado por meio dele e para ele" (1.16). Ele é o cabeça da criação assim como é também o cabeça da igreja (v.18).

   Mas, voltando ao verso 29 de Romanos capitulo 9, Paulo diz que ele é o "primogênito entre muitos irmãos". O que significa para nós essa expressão? Calvino, no seu catecismo, usou esse verso para distinguir a filiação por natureza de Cristo e a filiação que é comunicada a nós pela sua graça. Ele é o "primogênito de entre os mortos" (Cl 1.18), ou seja "Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem" (1Co 15.20), ele, o primeiro a ressuscitar dos mortos deu ao povo da aliança a ressurreição dentre os nossos pecados, pois, "estávamos mortos em delitos e pecados" (Ef 2.1), e ele nos deu vida. Como diz Paulo: "Adão, foi feito alma vivente. O último Adão [Cristo], porém, é espírito vivificante" (1Co 15.45). A sua semelhança de ressuscitar dentre os mortos é comunicada a nós, quando somos regenerados para vivermos na família de Deus. Logo, ressuscitados de nossa morte do pecado, somos feitos semelhantes a ele e por isso somos filhos de Deus por adoção; e também "se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados" (Rm 8.17).

   Essa herança bendita, esperança dos filhos, não é somente a participação de bençãos conquistada por Cristo aos eleitos, por mais que isso seja verdade. Mas as Escrituras deixam claro que o caminho até a glorificação é um caminho de sofrimento. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, no sentido de que também participaremos dos sofrimentos de Cristo aqui, "com ele sofremos, também com ele seremos glorificados", por entender isso, que Paulo podia orar para conhecer a Cristo não somente o poder da sua ressurreição, mas também a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-se com ele na sua morte (Fl 3.10). Talvez pensemos que não há, então, nenhuma vantagem em ser filho de Deus, se temos uma herança como essa. Acredito que é por isso que após mencionar a herança e participação no sofrimento de Cristo, que Paulo vai escrever o que chamo de pináculo da graça de Deus (Rm 8.18-39), e aqui cito somente o verso 18:
"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós"
   Mas, vamos agora ao motivo de Paulo, assim como nós, ter dentro de si tanta certeza dessa futura glória dos filhos de Deus.

O selo do Espírito em nós: o penhor da nossa herança.
"Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração".  (2Co 1.21,22)
"[...]em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória".  (Ef 1.13,14)
   O Espírito Santo é aquele que certifica em nosso espírito de que realmente somos filhos de Deus, sem ele não seria possível a certeza de nossa filiação, sem ele só o que nos resta é o desespero da orfandade; é viver sem a certeza, não somente de que há um Criador, mas de um Pai. Ele mesmo, o Espírito que procede eternamente do Pai e do Filho (Jo 15.26), testifica em nosso coração que somos realmente filhos de Deus, eleitos desde a eternidade (Rm 8.14,15; Gl 4.6). Ele é o selo e o penhor da nossa herança. J.I. Packer argumentando sobre a posição de John Owen, um dos maiores teólogos puritanos, disse que a nossa segurança na salvação é resultante desta selagem em nós:
"A segurança de salvação, como uma condição consciente da mente e do coração, induzida pelo testemunho do Espírito, ocorre como resultado da selagem, e não como parte integral do ato em si"  (Entre os Gigantes de Deus, p.310) 
   Somos seguros em Cristo porque tempos o selo do Espírito em nosso coração. Richard Sibbes, também puritano e que tinha algumas divergências com John Owen em relação ao selo do Espírito, tem uma posição que pode ser muito valiosa também para nosso estudo. Ele afirmava que o selo do Espírito servia como sinal de autenticidade, fazendo distinção entre o crente e o mundo (Joel R. Beeke e Mark Jones, Teologia Puritana, p.824):
"O Espírito nos sela não por causa de Deus, mas por nossa causa mesmo. Deus sabe quem é dele, mas nós não sabemos que somos dele senão pelo selamento."
   Como é revigorante ter a certeza de que pertencemos ao Pai por meio da obra do Filho, aplicada e confirmada em nós pelo Espírito de adoção. Haveria maior consolação em nós do que essa? Diante disso poderia algo nos separar do amor de Deus Pai? Esse sempre foi o motivo da igreja perseguida se manter firme em suas resoluções, mesmo diante do martírio. O que faria alguém morrer pela sua fé senão essa certeza? Podemos ter a certeza dos sofrimentos e mesmo assim nos alegrarmos em Cristo, pois temos tão grande penhor dado pelo Pai dentro de nós, em nosso intimo que alivia a nossa consciência em meio as maiores tribulações. Tão grande penhor esse, que fez Paulo escrever essas palavras:
"Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito."  (2Co 5.4,5)
Adoção: o intermediário entre a justificação e a santificação.

   A maioria dos teólogos colocou a adoção entre a justificação e a santificação. Não acredito que tenha sido por acaso. Primeiro, porque diferente do que muitos pensam, a justificação de distingue em muito na adoção. Segundo, a adoção corretamente compreendida e apreendida em nosso coração nos leva a uma vida de santificação.

   Justificação não é adoção, há uma grande diferença entre os dois conceitos. A justificação tem o pano de fundo ilustrativo do tribunal, já a adoção, ainda que seja humanamente falando efetuada em um tribunal ou cartório, tem como predominância a imagem de um lar familiar. Em uma Deus nos declara justos, pelo pagamento justo na morte de seu Filho, na outra, já declarado justo, nos faz participantes de seu povo e suas promessas. É como se um juiz, sentado em sua tribuna vestindo a sua toga, batesse o martelo diante do réu e o declarasse justo para a sociedade, isso é justificação. Mas a adoção é quando esse mesmo juiz, saindo de sua tribuna e retirada a sua toga, chama esse mesmo réu para ir a sua casa, sentar em sua mesa, comer a sua comida e tudo isso no mesmo patamar de sua esposa e demais filhos. Tanto um (justificação) quanto o outro (adoção) fazem a graça e o amor de um Pai nos constranger e nos prostrar até o mais profundo pó da terra.

   A adoção também esta intimamente ligada a santificação. Compreender que somos filhos salvos da Ira de Deus, faz de nos não somente servos obedientes pelo temor, mas também filhos que amam a vontade do Pai. Ao contrário do que muitos pensam, a segurança de nossa filiação, e consequentemente de nossa salvação (se somos filhos, logo somos salvos), não nos faz vivermos negligentes com uma vida piedosa, antes nos leva a obediência humilhante diante de tão grande graça, tão grande amor, tão grande esse nosso Pai. Somos seus filhos, como negligenciar isso.

A Graça e a Paz de Cristo a todos os que o amam.

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